sábado, 3 de novembro de 2018

#PraQuemIndico 6: A EDUCAÇÃO DOS SENTIDOS

 "Os sentidos! Que prazeres extraordinários eles nos dão! É verdade que em sua situação bruta - antes de sua educação! - os sentidos somente atendem às necessidades elementares de sobrevivência. Um homem faminto não é capaz de fazer distinções sutis entre gostos refinados: angu ou lagosta, tudo é a mesma coisa. Seu corpo vive sob o imperativo bruto do comer. Assim são os sentidos dos animais. Têm apenas uma função prática. São "meios" de vida. Moram na "caixa de ferramentas". Os olhos do gavião não se prestam ao deleite estético de cenários. Eles são ferramentas ópticas para localizar as presas. É bem sabido que os cães têm um alfato agudíssimo. Mas nunca vi um cão usando o seu olfato para deleitar-se com o perfume das flores. Para os cães o olfato tem uma função prática probatória: jamais abocanham um alimento sem cheirá-lo. Assim são os sentidos na sua condição natural. Mas, saindo desta condição bruta da existência, os sentidos se refinam, despregam-se de suas funções práticas e tornam-se sensíveis a prazeres inúteis que até então lhes eram desconhecidos. Os genitais na sua condição animal são ferramentas a serviço da reprodução. Mas na sua função humana amorasa transformam-se em instrumentos de gozo e alegria totalmente inúteis. Educados, os sentidos passam a ser habitantes da "caixa de brinquedos". Pelos sentidos educados, deixamos de "usar" o mundo e passamos a "fazer amor" com o mundo. [...]" (p. 47-48)

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Educação dos sentidos