Infelizmente na minha infância eu não fui incentivada a ler livros. E talvez eu já seja adulta demais para compreender a mensagem de O PEQUENO PRÍNCIPE sozinha, visto que para Saint-Exupéry "os adultos nunca entendem nada sozinhos"[1]. Assim, devo imediatamente confessar que, de imediato, a obra não me causou um grande impacto, a não ser pelo que eu chamarei de antropologia-filosófica presente na obra do início ao fim.
Mas, como após todo bom clássico, segue-se um
posfácio (e diga-se de passagem, que neste quesito a editora Zahar está de parabéns pela colocação
deste nesta edição de bolso), após a leitura do mesmo cheguei ao seguinte
pensamento: o sucesso da obra se deveu muito mais pelas
percepções e hermenêuticas dos seus leitores do que pelos seus desenhos em si,
isto para não dizer pela obra em si, visto que não quero causar. Aliás, pensando bem, o que
esperar de um livro escrito por encomenda e ilustrado sobre forte pressão do
mercado editorial norte-americano para ser publicado/lançado no natal de um ano
difícil da Segunda Guerra Mundial (1942), quando seu escritor se sentia
acovardado justamente por estar exilado ao tentar se refugiar dos malefícios
deste triste acontecimento da história do homem adulto ocidental?
Bom, não fiquem bravos com a opinião de uma adulta
sobre um livro em que o autor pediu desculpas por não tê-lo dedicado a uma
criança, "peço desculpas por dedicar este livro a um adulto"[2], mas este é o risco que corremos quando lemos os
clássicos, pois eles nunca vem a nós sozinhos. Vem sempre acompanhados por
uma multidão de vozes às vezes tradicionais. Contudo, que graça teria a leitura
de um clássico se não o desafio de percebe-lo e a coragem de se dizer o que se percebeu?
Compre o livro pelo link abaixo e contribua para o crescimento deste canal :)
O pequeno príncipe
Aguarde, parte II.
[1] SAINT-EXUPÉRY,
Antoine. O pequeno príncipe. Tradução:
André Telles e Rodrigo Lacerda. Rio de Janeiro: Zahar, 2015, p. 15.
[2] SAINT-EXUPÉRY, p. s/n, dedicatória.
Nenhum comentário:
Postar um comentário