domingo, 20 de novembro de 2016

EM UMA SOCIEDADE PLURAL QUAL A IMPORTÂNCIA DO DIÁLOGO E DA CONVIVÊNCIA ENTRE OS DESIGUAIS?


Crash – no limite, é um filme dirigido pelo produtor e diretor de cinema e televisão Paul Edward Haggis. Um drama que foi lançado internacionalmente no ano de 2005, contudo que estreou em um festival de cinema canadense em 2004. Disto isto, poderíamos concluir que se trata já de um filme antigo. Até poderíamos... se o tema abordado na trama dramática da sociedade retratada não fosse tão atual e pertinente, a saber, os preconceitos. 




Toda a história se passa na cidade de Los Angeles nos EUA, e a questão dos preconceitos é abordada não de modo costumeiramente comum com ênfase na bipolaridade preto e branco, como se a única forma de preconceito existente em uma dada sociedade fosse somente o preconceito racial, mais antes, por meio de cada personagem somos levados a problematizar e perceber como são complexas as questões que envolvem as situações relativas aos preconceitos, já que parece mesmo existir tantos preconceitos quanto humanos existir. Outra questão bem apontada por meio da trama são as questões relativas às estruturas sociais complexas que envolvem esta problemática dos preconceitos e o quanto estas questões perpassam estritamente por nossas vivências existenciais. 

O jovem policial branco, por exemplo, nos faz problematizar o quanto até mesmo aqueles que eticamente parecem estar comprometidos em romper com estas estruturas sociais podem se deparar com situações existenciais que revela claramente o quanto ainda estão cegos em sua maneira de categorizar as coisas. Este personagem, protagoniza uma das cenas mais emblemáticas do filme, ao matar em seu carro, após conceder carona, um jovem negro; sendo movido quase que basicamente pelos estereótipos que fazia da sua vítima. Parece que ficou evidente por meio desta cena o que nenhum espectador esperava daquele personagem.

A rica esposa de um político influente, e a esposa negra do cineasta, também nos mostram o quanto as circunstâncias existências de nossas vidas contribuem para que estereótipos e preconceitos sejam alterados por meios de circunstâncias existenciais e acidentais de nossas vivências. 

Um ponto negativo do filme, em minha opinião, foi ter sido reforçado, por meio de um personagem negro, que os mesmos são exagerados em relação às questões relativas ao preconceito racial. Criou-se uma caricatura de situações exageradas e as transformou em falas que foram colocadas na boca deste personagem negro. Reforçando aquela velha violência simbólica de que: alguns negros exageram demais em relação às preconceitos raciais, ou ainda, tem negro que acha que tudo é preconceito. Nota zero, para a trama neste ponto.

Contudo, ao tirar pela primeira frase narrada logo no início do filme: “Em Los Angeles ninguém se toca. Estamos sempre atrás do metal e do vidro”, acredito que o filme já tenha contribuído bastante para a seguinte problematização: Em uma sociedade plural qual a importância do diálogo e da convivência entre os desiguais? Pois, somente construindo novas vivências existenciais firmadas em diálogo constante é que conseguiremos desconstruir aos poucos velhas estruturas sociais.

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