Existe uma velha briga na academia, entre os críticos literários, sobre as questões relativas ao processos de leitura. Muitos ainda ficam brigando em torno de questões metafísicas do tipo o que é. Contudo, hoje quero falar sobre algumas leituras que a vida nossa de cada instante nos traz. Quero falar, mesmo sabendo que alguns críticos poderão gargalhar por compreenderem a leitura apenas como um processo de decodificação de códigos. É óbvio que ao registar aqui estas leituras vividas e observadas no meu cotidiano existencial já estou a confessar uma certa aproximação a algumas determinadas tendências teóricas que são basilares em alguns discursos sobre a leitura, e assim necessariamente abro mão de outras tendências...
Pois bem, uma simples caminhada até uma unidade de saúde local foi o suficiente para provocar profundas reflexões, que sei ser "minhas" leituras deste espaço social. Espaço social de lutas diga-se de passagem. Luta, que fica expressa no cartaz de boas vindas anexado na entrada do local. Um trecho do artigo 331 do nosso código penal:
"Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa."
Em outras palavras: SEJAM BEM VINDOS, SÓ QUE NÃO! Enfim, além desta primeira leitura inicial, a postura de alguns profissionais e de alguns usuários destes serviços também me chocaram. Mas, confesso que as atitudes de alguns me chocaram mais que de outros. E isto certamente, porque geralmente esperamos muito mais de quem muito mais estudou.
É óbvio que isto já provoca muitas outras questões que parecem evidenciar na existência real das coisas, que escolarização num tem muita relação com educação. E aqui abro um parentese para esclarecer que não sou daquelas(es) que defendem que educação se recebe em casa somente. Mas, confesso que possuo uma certa tendência e ou inclinação a compreender o conceito de EDUCAÇÃO a partir de uma perspectiva social profunda que está enraizada mesmo em processos complexos da construção de determinadas sociedades. Assim posto. Preciso continuar...
OS SISTEMAS foram programados para organizar e funcionar. Na cabeça do cineasta roteirista e produtor de "Tropa de Elite", ele é FODA. Contudo, eu sou daquelas que ainda tenho esperanças que ele pode não ser. É utópico? Sim! Mas, depende quase sempre de nós para que saia do mundo das esperanças. Depende de uma ação conjunta dos controladores, programadores e usuários desta rede de interações e conexões existenciais. (eu disse quase)
Voltando aos profissionais, penso que neste processo, e esta é uma leitura minha. Nós podemos quebrar a distopia desta engrenagem, nós os humanos. E quebrar mesmo se necessário a própria engrenagem. O problema maior que percebo por meio das minhas leituras, é que serviço público virou sinônimo de estagnação, acomodação. Um espaço social de trabalho organizado a partir das teorias administrativas burocráticas para não se fazer funcionar conforme a demanda. Um espaço para não se fazer nada, para receber no fim do mês e se aposentar com tranquilidade razoavelmente bem se comparado aos resto dos mortais trabalhadores brasileiros. TRISTE, LASTIMÁVEL. É obvio, que existe uma minoria de servidores competentes nestes locais sendo esmagados por uma maioria insuportável até de observar de longe. Leio a realidade consciente de que as generalizações também não nos levam a nada.
LeItUaS NoSsA dE CaDa DiA dOs NoSsOs InStAnTeS De HoJe. "É PrEcIsO aMaR aS pEsSoAs cOmO sE nÃo HoUvEsSe O aMaNhÃ... pQ sE vC pArAr PaRa" LER :(
Por Márcia Souza
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